Gerencie a Si Mesmo: As lições de Peter Drucker

 

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Grandes realizadores da História – Napoleão Bonaparte, Leonardo da Vinci, Mozart, dentre outros – sempre foram gestores de si mesmos, advindo daí, em boa medida, a razão de seu sucesso. Mas estamos falando de exceções, de indivíduos tão excepcionais em talento e realizações que extrapolam os parâmetros de normalidade da existência humana.

A maioria das pessoas, porém, mesmo aquelas com atributos modestos, precisa aprender a gerenciar a própria vida. Temos que aprender a nos posicionar onde poderemos dar a maior contribuição possível e estar mentalmente alertas durantes 50 anos de uma vida profissional, o que significa saber quando e como mudar o trabalho que realizamos.

Em artigo publicado na Harvard Business Review em janeiro de 1999, sob o título “Gestão de si mesmo“, e selecionado entre as melhores publicações daquela instituição, na áreas de administração e negócios, o chamado guru da administração da era do conhecimento, Peter F. Drucker, diz que, para construirmos uma vida de excelência, devemos começar fazendo a nós mesmos as seguintes perguntas:

Quais são meus pontos fortes? 

A maioria das pessoas acha que sabe quais são seus pontos fortes ou potencialidades. Em geral estão erradas e com frequência conhecem melhor suas fraquezas e, ainda assim, muitos se enganam.

No entanto, um desempenho de alto nível depende apenas das potencialidades de cada um, não sendo possível alcança-las com base nos pontos fracos, muito menos com base naquilo que não se consegue realizar de jeito nenhum.

Para identificar seus pontos fortes com precisão, utilize a análise de feedback. Depois de cada decisão importante, anote os resultados esperados e, depois de algum tempo, compare esses resultados com as suas expectativas.

Procure padrões: que tipos de resultados é capaz de gerar? Que habilidades precisa desenvolver ou aperfeiçoar para obter os resultados desejados? Ao identificar uma oportunidade de aprimoramento, não perca tempo cultivando habilidades nas quais sua competência é baixa. Em vez disso, concentre-se em suas potencialidades e desenvolva-as da melhor forma possível.

Não se deve desperdiçar esforços para aprimorar áreas nas quais nossa competência é baixa. Consome-se muito mais energia e trabalho para passar da incompetência á mediocridade do que para passar do ótimo desempenho á excelência. No entanto, muitas empresas e profissionais – sobretudo professores – ainda investem grandes recursos tentando transformar profissionais incompetentes em medianos.

Como eu trabalho?

De que forma você trabalha melhor? Você processa melhor as informações através da leitura ou ouvindo os outros? É mais produtivo trabalhando sozinho ou em equipe? Seu desempenho é melhor quando toma decisões ou quando dá aconselhamento ou presta algum tipo de consultoria em assuntos importantes? Trabalha bem em momentos de pressão ou prefere um ambiente mais calmo e previsível?

Curiosamente, poucas pessoas se fazem essas perguntas e pouca gente sabe de que forma cumpre as próprias tarefas. No entanto, como assevera Drucker, a pergunta “Como desenvolvo meu trabalho”? pode ser ainda mais importante do que “Quais são os meus pontos fortes?” Da mesma forma que as pessoas conseguem bons resultados fazendo aquilo em que são boas, também conseguem produzir melhor trabalhando em condições que lhe propiciem melhor desempenho

 

Quais são os meus valores?

Qual é a sua ética? Que responsabilidades precisa assumir para viver uma vida plena e digna? A ética de sua organização está em sintonia com seus valores?

Com relação á ética, o teste é simples,  e Peter Drucker o chama de “teste do espelho”, que consiste na pergunta: “Que tipo de pessoa quero ver no espelho pela manhã”.

O que é comportamento ético numa organização também o é em outra. Mas a ética é só parte de uma sistema de valores, sobretudo os de uma organização. Trabalhar numa empresa cujo conjunto de valores seja inaceitável ou incompatível com o seu, certamente leva a um péssimo desempenho e á frustração profissional.

Que carreira devo seguir?

Poucas pessoas sabem desde cedo a resposta para essa pergunta. Matemáticos, músicos e cozinheiros, por exemplo, já são matemáticos, músicos e cozinheiros desde a infância. Os médicos, em geral, decidem por essa carreira por volta da adolescência.

Mas a maioria das pessoas, sobretudo as intelectualmente mais bem dotadas, não têm ideia do que fazer até por volta dos 25 anos. Nessa idade, no entanto, já deveriam estar em condições de responder ás três perguntas acima citadas para escolher qual carreira seguir, ou melhor, que caminho não seguir.

Quem sabe que não funciona nem numa grande organização não deve aceitar emprego numa delas; que sabe que não é bom em tomar decisões não deve assumir uma posição que lhe exigirá isso.

Analise seus pontos fortes, estilo de trabalho preferido e seus valores. Com base nesses aspectos, descubra onde você pode se encaixar melhor para que deixe de ser um funcionário mediano para se tornar um profissional de alto nível.

Qual deve ser minha contribuição?

No passado, as empresas diziam aos executivos qual deveria ser sua contribuição. Atualmente, você tem escolhas. Para decidir como melhorar o desempenho de sua organização, primeiro entenda o que a situação exige. A partir daí, com base em seus pontos fortes, estilo de trabalho e valores, pergunte-se como poderia dar a melhor contribuição para o atingimento dos resultados almejados.

Com esse objetivo em mente, não adianta focar num horizonte muito distante. Em geral, um plano não deve se estender por mais de 18 meses e precisa ser claro e especifico. Assim, a pergunta a ser respondida deve ser: “Onde e como posso obter resultados que farão a diferença nos próximos 18 meses”?

A resposta deve ponderar alguns aspectos. Primeiro, não devem ser fáceis de atingir – precisam exigir flexibilidade. Mas também devem ser possíveis. Mirar resultados inatingíveis ou quase impossíveis não é ser ambicioso – é ser tolo. Segundo: os resultados devem ser significativos e fazer a diferença. Por fim, devem ser visíveis e mensuráveis. Com base em tudo isso, surgirá a linha de ação: o que fazer, onde e como começar e que metas e prazos fixar. 

Conclusão

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Vivemos numa era de oportunidades sem precedentes: se você tem ambição, talento e disposição, pode chegar ao topo da carreira que escolheu, independentemente do ponto em que começou.

Mas com as oportunidades vêm as responsabilidades. Hoje em dia, as empresas não administram as carreiras dos trabalhadores do conhecimento. Cada um precisa ser seu CEO.

Assim, cabe a você se esforçar para conseguir um lugar no mercado de trabalho e saber quando mudar de rumo. E também cabe a você manter-se comprometido e produtivo durante toda a sua trajetória profissional.

Para fazer tudo isso bem, você precisa se conhecer a fundo. Quais são seus pontos fortes mais valiosos e seus pontos fracos mais perigosos? Como você aprende e trabalha com os outros? Que valores pessoais você preza. Em que tipo de trabalho pode dar sua  maior contribuição?

Em síntese, somente a combinação de suas potencialidades e  do autoconhecimento permitirá que se possa atingir a verdadeira e duradoura excelência profissional.

 

 

 

 

 

 

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